terça-feira, 27 de março de 2012

O amor começa

O amor começa. Começa em meio à estação de metrô lotada; nas tardes de domingo à beira-mar; nas caminhadas na praça para espairecer; na sessão das duas no cinema. Sem explicação, o amor apenas começa. Na praça coberta de folhas que cairam no outono, no refrão da música de Chico Buarque; no final do campeonato disputadíssimo; à beira de uma colapso nervoso; na erupção de um vulcão; no barzinho da faculdade onde eram feitos os Happy-Hour; no intervalo da novela do horário nobre; entre as prateleiras da biblioteca; ele apenas começa.
Quando a esperança está perdida; quando o universo conspira contra; quando a vida vira de cabeça para baixo; quando o poeta perde a inspiração; o louco a insanidade ou o compositor o refrão. O amor começa, assim mesmo, sem explicação. Ele começa para impedir loucuras ou simplesmente permiti-las. Para dar razão às coisas, ou simplesmente tirá-la delas. E quem entende? Não carece entender, o que vale é sentir.
Enquanto uns buscam razão no sentimento, o amor começa. Entre mensagens recebidas na madrugada; afetos trocados no portão de casa; em um abraço acolhedor e apertado; na loja preferida de discos; na rua, entre tropeços e momentos lunáticos ao ver os faróis de carros; o amor começa. Começa para esquecer os que deixaram de recomeçar; morreram ou nunca cogitaram começar. Os amores começam, por vezes perduram, por vezes não passam de uma noite ou apenas de um relance em meio à multidão, e perde-se o príncipio. Começa quando a gente menos espera e termina quando pensamos que seria para sempre. Quando o amor acabar, espere um tempo. Porque o amor sempre começa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário