terça-feira, 8 de janeiro de 2013


Eu quis inventar um amor,
Fingir pra gente um clichê
Tirar de ti essa dor
Que te deixou meio blasé
Pegar-te pelos dedos e dançar
Um tango, talvez uma bossa
 E então poder criar
uma história e chamá-la de nossa.
Senti o encanto na indiferença que me sentias
E que diferença faz pra mim?
Esperava pela hora que irias
Fugir pra longe assim,
Longe de qualquer sentido são
Encontrar um canto sujo e chamar de lar
Livres do vazio existencial tão vão
E lembrar que podemos amar.
Talvez seja apenas meio verso sem sentido
Talvez um ou dois
Sei que não me darás ouvido
Sem manuscrever o que vem depois
Mas o amor procurar,
Um peito empoeirado ou lar
E para sempre ou menos, lá estar
E então poderia descansar.
Mas como assim o fazer
Se tudo foi fruto de uma imaginação
Sem muito a oferecer
Além de ilusão?

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Tá bom

Rotina? Monotonia? Mesmice? Talvez alguma dessas ou todas. Talvez nenhuma ou nada. O que nos sobra além das coisas casuais? Segundo dicionários, coisas casuais(casualidade) são coisas acidentais, eventuais. Logo, além do acaso pode sobrar bem pouca coisa. Acaso é encontrar alguém que divida contigo, o mesmo amor por tal literatura, estilo musical parecido ou coisas que valha e ao mesmo tempo encontrar diferenças nessa pessoa e acolhê-las. É entregar-se aos sentimentos que surgem "do nada" a alguém que fuja totalmente dos padrões que tu estabeleceste pra alguém que seria ideal pra ti, mas apesar disso, entregar-se.  Talvez isso soe cliché ou non sense, mas vejamos que é uma coisa um tanto casual e inevitável.
E quem sabe, seja perder a paz da rotina e não desejá-la novamente, desejar dividir seu domingo ao som de bossa nova a fim de colori-lo. Descobrir que o desfecho dos mistérios que vão além da compreensão racional. Talvez seja a casualidade que te faz tropeçar e gera assim, algumas colisões - nem sempre benévolas - com corpos que mudarão todo o percurso da vida, aquela massa que parece ter saído de algum clássico francês, vocês se olham e sorriem de canto, pedem desculpas e continuam a caminhar.
Alguns dias depois, encontram-se num café reservado com aparência rústica, ambos pedem seus cafés e cada qual da sua mesa, retiram das bolsas seus respectivos livros - Foucault e Sartre, quem sabe? - tiram cartões de visitas de lojas aleatórias que usam como marcadores de páginas e começam suas leituras, entreolhando-se. Simultaneamente, levantam-se e vão embora. Tu pensas neste alguém. Ele desejaria ter ido falar contigo. Deitados em suas camas, olham para o teto desejando que caíam para poderem observar o universo dali. Mas contemplar o universo e toda sua imensidão, sozinho, soa-lhes triste.
Ambos fugiram instantaneamente ao sentirem o cliché das borboletas no estômago. Leram romances em que o personagem apaixonado sempre sofre por amar demais, lembraram do Pierrot, e não desejariam sê-lo. Não pretendiam perder suas respectivas pazes e a segurança de seus mundos. Além das coisas casuais, pouco sobra. Pouco importa. Talvez a normalidade, talvez acordar às seis, vestir o uniforme e um sorriso falso e ir ao trabalho, à escola, desejar o fim, ou apenas uma aventura, ou uma casualidade. Cá entre nós, "O que te sobra além das coisas casuais? Me diz se assim está em paz? Achando que sofrer é amar de mais."

terça-feira, 11 de dezembro de 2012


Encontramo-nos em um grande processo de autoconhecimento - vida.
Conhecemo-nos mas não nos compreendemos.
Tarefa árdua e demasiadamente ociosa,
Então nos retiramos do mundo, para facilitá-la.
E tal tarefa deixa de ser o que foi para ser penosa e melancólica.
Deixamo-nos ver quem realmente somos, se não o reflexo da doença do mundo.
Tentamos mudar no que não nos compete, porque não temos coragem de encarar a mudança que deveria vir de nós.
Não é covardia. Não é temor. Apenas é assim.
Desenhamos um lindo sol e acreditamos que esteja ali e onde quer que estejamos.
Vimo-nos em um grande espelho e percebemos a falta de imunidade perante a epidemia de alienação.
O mundo não está ao contrário. Somos nós que estamos de cabeça para baixo.
Forçando tanto peso nela que nos impossibilita de pensarmos.
Refugiamo-nos do mundo. Encontramo-nos presos em grades de nosso consciente, que nem sempre é tão consciente.
Caímos em uma abismo de vazio.
Aquele velho vazio -
o mesmo que reclamávamos que havia no mundo.
Imagem real e virtual - a imagem e semelhança.
Dois vazios -
Dois doentes -
Dois refugiados sem abrigo.

domingo, 18 de novembro de 2012

Meio punhado de frases sem nexo

Ouvi dizer que muitos temores nascem do cansaço e da solidão. Talvez o cara que me disse isso, estava certo. Talvez todo esse medo tenha sido criado por uma frustração a qual não aprendi lidar. Tudo que consigo é vomitar meia estrofe sem sentido, na tentativa de amenizar toda a aflição de ser, apesar de tudo, mais uma supérstite à bordo desse barco chocado contra um iceberg de dejetos, inundando e imundando nossas cabeças, de modo que não dá para limpá-las. E fedemos. Porque já somos podres por dentro. E quando apodrecemos, tudo em nossa volta parece podre.
Mas sobrevivemos. Mesmo não sabendo. Não sabemos sobreviver. Não sabemos sobre viver. E vagamos. Por aí, desrumados. Esperando por algo que nos salve. Mas ninguém poderá nos salvar. É estupidez querer salvar um peixe que nada contra a correnteza por vontade própria para fadigar o máximo suas nadadeiras e sucumbir de cansaço. É o mesmo que trancar um pássaro na gaiola por ele querer voar pra longe, se estivesse solto, para ganhar o céu, conhecer novos horizontes e canções.
Há coisas que não nos compete mudar. Nem sempre haverá devires ou vontade de que haja. Não queremos encarar o que há devir, ou o que há de vir. Sobreviver, não sei. Sobre viver, sei menos ainda.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Tragando (des)Amor

A chuva compõe a trilha sonora dessa madrugada vazia, enquanto ela escreve seus versos simplórios, embora carregados com todos os sentimentos possíveis. Uma tragada no cigarro, solta a fumaça que a distrai fazendo-lhe companhia. Lágrimas e chuva se misturam homogeneamente à procura de algum tipo de Alívio Imediato.
Cantando melodias de algum som pesado, extravasando de alguma maneira para não enlouquecer. Os versos enchem o caderno que lhe serve de consolo. Ninguém pode ouvir seu desabafo. Ninguém pode ouvir seus choros.  Solos de guitarra, fazem esquecer o desamor Gritos ecoando no subconsciente, fazem pirar. Ninguém pode ouvir. Traga desamor. Solta fumaça que se dissipa em débil poesia melodramática.
Talvez ela seja o café frio da xícara de alguém que se nega a tomar, porque não consegue degustar depois de tê-lo esperado esfriar. Traga sentimentalismo. Solta frieza. Afoga-se, tosse, bebe um gole do seu café requentado e continua seus rascunhos. Talvez o rascunho daquele amor, tenha sido rasgado e jogado no lixo. Mas não foi ela que o fez. Alguém entrou na sua história, bagunçou-a, riscou-a e jogou fora. E agora?
Traga desamor. Solta lágrimas. Talvez ela seja o cigarro molhado de alguém ou aquele que foi aceso do lado inverso. Ou ao menos assim que se sente. Levou afeto, trouxe desgosto. Ninguém vê. Ninguém ouve. A chuva passou. O alívio imediado não veio. Não traga mais, acabou o cigarro. Quis sair pra comprar mais, e aquela famosa história de nunca mais voltar. Porém, contentou-se em dormir e desejar que acorde soterrada com o teto sob sua cama.

domingo, 2 de setembro de 2012

Todo espetáculo tem seu fim

O que é a vida, senão uma tragédia grega? Onde cada um é autor da sua própria história. Em muitas, seu autor é aquele cara depressivo que escreve com uma caneta barata que falha constantemente, bebendo um chá qualquer que provoque falência múltipla dos órgãos. Entre um solilóquio e outro, decide mudar o roteiro da peça e com alguns lapsos de memória a deixa de lado. Procurando a calma que perdeu, ao perceber que os personagens secundários são monótonos e não agem de acordo com o script. 
Às vezes este autor escreve sobre um suicida ou um idolatrador da vida, um insensível ou um sentimentaloide. Mas mal sabem os espectadores desse espetáculo, que todos esses personagens são a forma de que o escritor dela, descobriu de vomitar suas angústias que ninguém pode ou quis ouvir. Ao som de Cash, esse homem solitário decide pôr logo o fim no espetáculo. Seu último ato está para ser escrito.
Seu chá não fez efeito desejado, talvez deveria tomar mais. "Misture um pouco de Cianureto, as pragas não precisam disso mais do que você", é talvez funcione. Ele vai explodir e ninguém pode impedir. Não há ninguém para isso, não há ninguém para juntar seus miolos do chão. Ele tenta se controlar, mas o chão está se abrindo sobre seus pés, tapa seus ouvidos para não ouvir seu subconsciente gritando a verdade que ele não quer acreditar. Olhando para o cenário, reflete bem: "Isso aqui está uma insânia! Quando paro pra pensar, chego apenas à uma conclusão: O mundo é um hospício! Falo em sanidade, mas a loucura é a minha utopia. Loucos, loucos. Tão felizes. Só está a salvo quem alcançou sua insanidade ou seu óbito.".
Realmente isso parece uma loucura, o pior é quando essa loucura se passa dentro da gente. Loucura que mais parece um conflito entre as personalidades e sentimentos. Sabe, talvez ele seja um louco. Ele bem sabe quais serão os comentários sobre a peça na saída desse teatro. Mas ele nem liga, apenas lamenta as pessoas que estão presas às trevas do julgamento. Não, você não tem último pedido. Você não tem salvadores. Sem luz, câmera ou ação. Acabou o último ato.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Conto teu encanto




Canto teu encanto, e conto que me encanta.
Conto que seria eu capaz de cantar, 
Cantar os belos boleros apaixonados ao pé da tua janela. 
Conto loucuras que já as cometi à cá em minha mente. 
À cá em meus sonhos nos quais dançávamos Cbotis
tendo como espectadores as estrelas e a Lua cheia que banharia o coração dos pobres apaixonados que cantam, como eu. 
Conto que já te dei o mundo, já morri em teus braços.  
Canto que as insanidades são demasiamente abundantes quando penso em poder tê-la.
Cantam que amores imperfeitos são as flores da estação, e saem a dizer por aí. 
Conto que amores platônicos, como o que te sinto, 
são sóis que fortificam frágeis vidas que vivem ociosamente à procura de conquistar aquilo que as compete.
Canto o exemplo da minha discreta – quase imperceptível – existência que tem tal inutilidade longe de ti.
Conto que vivo Mortsdegana pelo encanto do teu amor.  
Então conto que guardo no canto a ardente – platônica? – afeição minha para contigo só me compete procrastinar tal sentimento que deixo reprimido comigo.