terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Passionalmente morto

Sentado em frente ao mar, pensando como seria sua vida, senão fosse como era. Seus pensamentos o atordoavam. Tiravam seu sono. Motivavam seu choro. A cada dia criara uma vida para si. O problema? Não acreditava nelas. Então ele sorria. Não por estar feliz, mas por estar acostumado. Leva tempo, porém a gente acostuma a fingir felicidade. Por vezes, até nos convencemos estar feliz por tamanha atuação, digna de óscar. Sorria! ordenava à si. Levante-se! era em vão. Se fosse possível controlar nossos sentimentos, tudo seria mais fácil. Se tudo fosse mais fácil, seria mais sem graça ainda. Seus pensamentos estão explodindo sua consciência. Procura sua razão que fora perdida no momento em que começou a sentir tamanho amor. Amor que fisicamente foi embora. Fisicamente, apenas. Pois ainda se encontrava ali, no lado esquerdo do seu peito, torturando-o.
Com seu maço de cigarro e uma garrafa de uísque, amenizava um pouco de tanto sofrimento. Agora em casa, com sua solidão, acendeu mais um cigarro, virou o disco pela quarta vez, tomou mais uma dose. Sentou de frente para a porta de entrada e ficou esperando ela abrir a porta e dizer que nunca mais quer ficar longe dele. Porém, ela não veio. Nunca mais virá. Sentir falta não é motivo suficiente pra fazer alguém voltar. A ideia do término era incompreensível pra ele. Acabou o uísque, foi ao bar comprar mais. Acabou o amor, foi ao bar comprar mais uísque. Caminhava pelas ruas, olhando para o chão, tropeçando pelas calçadas. Procurando em cada rosto o de sua amada. Ela se for. Aceitar? ele não conseguia. Distraía-se vendo os faróis dos carros vindo em sua direção. Lembrava-se que estava em uma escuridão e não poderia ser salvo. A cada minuto uma parte de si, morria. Era mais um morrendo por amor. Passionalmente, morrendo.