terça-feira, 3 de abril de 2012

5h24min

O mundo fez um retrato de mim. E eu não me reconheço nele. Será enganação? Uma farsa? Ou apenas estou inconformada por ser tachada. O mundo não me conhece, mesmo assim me pintou num quadro qualquer. Quase um 3x4. Insignificante e julgado. Talvez eu seja isso que foi pintado. Ou acredite nesse mundo alucinado. Quem sou eu, se não um rosto perdido? Procurando em cada peito um abrigo, vestindo luto, com o emocional partido. Quem se importa? O mundo já pintou aquela pessoa toda torta. Fora do senso-comum, fora dos padrões da moda.
Onde ganho espaço pra me expôr, se não em um calendário, no mês de novembro, esquecido na gaveta de uma estante velha. Com o rosto desfigurado, cansado. Tentando achar um meio de não ser rechaçado. De que vale? Que diferença faz? Eu não sei. Mal sei quem sou. Ou quem queria ser.
De que vale tantos sentimentos nobres e nenhum servo? Ter cartas de amor e nenhum carteiro para entregar a algum destinatário? De que vale tudo isso? A vida? Se não há razão para viver, quanto vale existir? Ajude-me a sair daqui. Desse retrato errado, pintado de mal grado.