terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Tá bom

Rotina? Monotonia? Mesmice? Talvez alguma dessas ou todas. Talvez nenhuma ou nada. O que nos sobra além das coisas casuais? Segundo dicionários, coisas casuais(casualidade) são coisas acidentais, eventuais. Logo, além do acaso pode sobrar bem pouca coisa. Acaso é encontrar alguém que divida contigo, o mesmo amor por tal literatura, estilo musical parecido ou coisas que valha e ao mesmo tempo encontrar diferenças nessa pessoa e acolhê-las. É entregar-se aos sentimentos que surgem "do nada" a alguém que fuja totalmente dos padrões que tu estabeleceste pra alguém que seria ideal pra ti, mas apesar disso, entregar-se.  Talvez isso soe cliché ou non sense, mas vejamos que é uma coisa um tanto casual e inevitável.
E quem sabe, seja perder a paz da rotina e não desejá-la novamente, desejar dividir seu domingo ao som de bossa nova a fim de colori-lo. Descobrir que o desfecho dos mistérios que vão além da compreensão racional. Talvez seja a casualidade que te faz tropeçar e gera assim, algumas colisões - nem sempre benévolas - com corpos que mudarão todo o percurso da vida, aquela massa que parece ter saído de algum clássico francês, vocês se olham e sorriem de canto, pedem desculpas e continuam a caminhar.
Alguns dias depois, encontram-se num café reservado com aparência rústica, ambos pedem seus cafés e cada qual da sua mesa, retiram das bolsas seus respectivos livros - Foucault e Sartre, quem sabe? - tiram cartões de visitas de lojas aleatórias que usam como marcadores de páginas e começam suas leituras, entreolhando-se. Simultaneamente, levantam-se e vão embora. Tu pensas neste alguém. Ele desejaria ter ido falar contigo. Deitados em suas camas, olham para o teto desejando que caíam para poderem observar o universo dali. Mas contemplar o universo e toda sua imensidão, sozinho, soa-lhes triste.
Ambos fugiram instantaneamente ao sentirem o cliché das borboletas no estômago. Leram romances em que o personagem apaixonado sempre sofre por amar demais, lembraram do Pierrot, e não desejariam sê-lo. Não pretendiam perder suas respectivas pazes e a segurança de seus mundos. Além das coisas casuais, pouco sobra. Pouco importa. Talvez a normalidade, talvez acordar às seis, vestir o uniforme e um sorriso falso e ir ao trabalho, à escola, desejar o fim, ou apenas uma aventura, ou uma casualidade. Cá entre nós, "O que te sobra além das coisas casuais? Me diz se assim está em paz? Achando que sofrer é amar de mais."

terça-feira, 11 de dezembro de 2012


Encontramo-nos em um grande processo de autoconhecimento - vida.
Conhecemo-nos mas não nos compreendemos.
Tarefa árdua e demasiadamente ociosa,
Então nos retiramos do mundo, para facilitá-la.
E tal tarefa deixa de ser o que foi para ser penosa e melancólica.
Deixamo-nos ver quem realmente somos, se não o reflexo da doença do mundo.
Tentamos mudar no que não nos compete, porque não temos coragem de encarar a mudança que deveria vir de nós.
Não é covardia. Não é temor. Apenas é assim.
Desenhamos um lindo sol e acreditamos que esteja ali e onde quer que estejamos.
Vimo-nos em um grande espelho e percebemos a falta de imunidade perante a epidemia de alienação.
O mundo não está ao contrário. Somos nós que estamos de cabeça para baixo.
Forçando tanto peso nela que nos impossibilita de pensarmos.
Refugiamo-nos do mundo. Encontramo-nos presos em grades de nosso consciente, que nem sempre é tão consciente.
Caímos em uma abismo de vazio.
Aquele velho vazio -
o mesmo que reclamávamos que havia no mundo.
Imagem real e virtual - a imagem e semelhança.
Dois vazios -
Dois doentes -
Dois refugiados sem abrigo.