quinta-feira, 5 de julho de 2012

Apenas mais uma de (des)Amor.

Suas pálpebras parecem pesar toneladas. Sua visão parece estar em meio à neblina, impossibilitando enxergar poucos palmos à sua frente.Encontra-se perdido, rodando sem direção, perambulando atrás do que lhe foi tirado. Seu emocional foi à machadadas partido. Suas desilusões pesam mais do que ele pode aguentar. Sente-se um lixo vagueando levado pelo vento. O pior dos lixos: impossível de ser reciclado. Não há cabeça que suporte tanto pressão, julgamentos; críticas, sem explodir. E não há ninguém que se importe com isso.
Caminha sem rumo, moroso pela multidão sem se dar conta de onde está. Entra no primeiro bar que encontra, senta-se afastado dos demais, pede uma bebida mesmo sabendo que não há bebida forte suficiente para fazer esquecer os outros porres de decepções e indiferenças. Ou as vezes em que esteve em princípios de overdoses de amor, no êxtase da felicidade, que se foram. Distrai-se facilmente com o gelo no copo, afogando-se em seus pensamentos mortificantes. Não há imunidade que consiga resistir de tanto mal feito a um coração passionalmente adoentado, jogado na privada suja de um banheiro de boteco, ao som do mais exorável dos boleros.
O último romântico passou a noite embriagado pranteando suas dores para um garçom, ou até algum taxista na volta pra casa. Não se lembra bem nem de seu endereço. Pensou em ir atrás da autora desse sofrimento ou pôr fim em toda essa tal desconsolação que o derrubou. Subiu no viaduto, olhou para baixo, os carros que ali passavam, as luzes da cidade. Por alguns segundos pensou em se jogar. Refletiu consigo mesmo por algum instante. Afinal, pra que suicídio? O mundo nos mata tortuosamente todos os dias, desde nosso nascimento. É como se nos fosse colocado um Garfo Medieval penetrando do queixo ao tórax, arrancassem os dentes com um torquês ou colocasse-nos sentados num Berço de Judas sentindo toda a crueldade da tortura medieval. Sem piedade, sem se importar se temos sentimentos ou não. Tortura-nos sem dó. E dói. Infecta. Mata. Até a gente ser como pedras ou icebergs. Duros e frios. Ou um animal tonto e apático.
O mundo é sádico. Querer viver nele é masoquismo. Conviver com ele é a melhor definição para suicídio. O mais lento e cruel suicídio. Desceu do viaduto e seguiu finalmente para casa. Deitou-se na cama e nunca mais desejou que o teto desabasse sobre si. Afinal, ele já estava se suicidando vivendo nesse mundo frio.